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domingo, 17 de fevereiro de 2013

Faz hoje 40 anos que casamos!

 

Quarenta anos....

Temos visto o tempo passar,
nestas longas primaveras,
nem sempre trocamos caricias e desejos
... mas as nossas noites foram sempre uma.
A lua, é nossa testemunha,viu-nos...
Radiantes, e rabujentos...
sonolentos acordamos...
E pergunto sempre porque me desejaste tanto?
-Amar, era um forte desejo, sempre o desejamos
ainda de que diferentes maneiras,
sei que era o mais feliz dos teus sonhos, acordares e ouvir a palavra,
Amo-te...
-Mas acredita que esse teu jardim que representas, tem um dono
Que te ama e respeita há quarenta anos.
As nossas almas entrelaçam-se, com os nossos desejos,
Esses desejos de nos termos, não congelaram,
nas invernias porque passámos
Quando é preciso olhar-te, nesses teus olhos,
-Que pecados devo ter carregado, por não ter sabido amar mais,
Por não saber beijar melhor os teus lábios.
Nunca deixei de pensar
e agora é que acordei, ainda que tarde, não te esquecerei...
Porque o teu perfume está dentro de mim
Nas minhas veias,perfumando lentamente a nossa existência
Agora sei que te amei, durante todo este tempo, quarenta anos...
Agora que é uma realidade, que te entendo...
entendo e por isso desejaria congelar, todo este tempo
O tempo, para te poder amar
até ao fim dos nossos dias,sem que te ponha em risco
nem fazer-te algum mal,
nem sequer em pensamento...
Quarenta anos, parecem uma eternidade,
mas não passam de uma pequena volta ao jardim
Dos nossos sonhos.

Pintura e Poemas III

sábado, 26 de janeiro de 2013

Mulher...

 

 
Mulher....

Estarás sempre suspensa
no fogo
que brota da minha boca
... no ardume
prestes a explodir
tu mulher
que ardeste no meu sonho,
ficaste intacta...
tornaste-te um sonho,
uma nuvem no horizonte
A tua voz, lembra-me
um soltar
de andorinhas
que em pânico
sobrevoam na relva
do teu olhar
 
 
 
 
Quando escrevo...

Quando escrevo poesia, é como se a minha vida
errante corresse pelo mundo que me rodeia,

... Queria que a minha poesia
percorresse os caminhos do mundo,
sempre desencontrada como desencontradas são,
as horas do relógio velho da minha aldeia,
será que o mar é calmo? Como o luar...
neste jardim que percorro, terá horas certas?

Será que os desertos, ao lerem a minha poesia
não se vão modificar?
Será uma miragem quando julgo estar perto de um oásis,
Será que os meus pés estropiados, fatigados...
terão forças para me levar bem longe.

Não me peçam, com ar de quem tudo sabe
qual o meu rumo e o tempo de o atingir,
escrever poesia,
é algo não se têm na mão, não se profetiza
escrever poesia
é como abalar o mundo com uma tempestade de palavras,
escrever é para aqueles que nada têm que fazer,
escrever é como um clamor que nasce com o sangue a crepitar.

Nem sempre os ponteiros da minha bússola atinaram com o norte.
Por isso não me liguem. Deixai-me só.
Deixai-me só com os meus medos, pois o dia nem sempre é dia,
deixai-me só com a noite, que como o dia, nem sempre é noite
com a minha loucura, com a minha escrita.

Ainda não conheço os meus caminhos de cor.

Um poema....


 
Um Poema...

Hoje estou triste
talvez se deva a esta chuva intensa
que torna o dia triste e sombrio
... amortalhado
doente
A monotonia invade os meus pensamentos
devo estar doente.

Hoje é mais um dia....
(a caneta já não escreve, há muito que a tinta secou)

Por hoje o poema acaba aqui, no papel.
Mas cá dentro, onde a tristeza se instalou
Continua...

Onde fica o nosso Mundo?

 

Onde fica o nosso Mundo?

Pergunto, onde ficará o nosso mundo?
Só encontro flore...stas, matas, charnecas e plantações de milho
para saciar a fome dos meus olhos.
Para lá da Floresta, o verde de outra floresta e outra floresta ainda.
E na minha ingenuidade pergunto?
Onde ficam os mares? Os rios? E as cidades?
Caminhos pequenos e estreitos, cheios de grossas pedras,
onde se ouvem os carros de bois mansos a chiar mansamente
e há enormes poças, que a chuva encheu.
Pergunto, onde fica o nosso mundo?
Nenhum de nós sabe.
Mas lá longe viam-se, máquinas estranhas
acompanhadas de engenheiros.
E sempre que o dia nascia
Os povos abraçavam outros povos.
E no dia de hoje pergunto? A terra é livre e fácil?
como o céu é para as aves:
a estrada, mais parecida com uma serpente ondulada
é branca e menina
e dela que nasce a sede de emigrar
como emigram as águas dum rio.

 


Nesta tarde...

Estico o corpo pelos lençois enrolados, estiraçado,
com o corpo lânguido, ao longo do leito.
Um azulado vago corre pelos meus dedos,
... é o fumo do cigarro.

O velho rádio. Toca uma música morna...
Tu esvoaças no meu pensamento
em volta do fumo do cigarro, do ar que respiro...
Fico ausente! Como se de uma doce fuga se tratasse!

É estranha esta coisa, a que chamam poesia,
que vai espalhando mágoa com o decorrer do tempo.
É como um simples orvalho de lágrimas limpidas,
que lentamente escorre pelos vidros da minha janela,
nesta tarde vazia, vaga...

O Amor...

 
O amor...
 
Somos condenados quando amamos:
longas são as esperas
mesmo quando o amor está perto de nós.
Não é neste tempo real, que espero por ti.

Já te esperava, antes de teres nascido
Só tu é que fazes os dias clarear, só tu.

Quando por fim chegas
encontras-me a arder de saudades
o ramo de flores que tinha para ti
há muito que me cairam das mãos
é a única forma de pintar o chão, que pisas.

Perdido o lugar
em que te aguardo,
só me resta molhar os lábios, no orvalho da noite
para que não sintas a sede que vai em mim.

Já não tenho palavras, envelheceram com a espera,
aproxima-se a noite
e com ela os teus lábios ficam mais perto
e quando finalmente já é noite,
começo lentamente a despir-me, sem me aproximar de ti.

O que vestes, caie, tomba nesta noite
em que só existe a lua.
Deitas-te, enrolando o teu corpo no meu,
e aos poucos os nossos desejos, criam um rio,
que aos poucos se tornam um mar imenso,
de desejos satisfeitos.
 
Morrer de Amor...

Quem me dera morrer no meu tempo certo
ao fim de um certo tem...po
torna-se uma rosa do deserto
com raizes enterradas no vento.

Qual será o valor dos meus versos
que falam do meu amor?
Nem sempre o meu espaço me chega
pois os meus versos são trágicamente maiores.

Morrer de amor será sempre assim
é como todas as causas perdidas.
Sei o que digo, e falo só por mim,
morrerei cheio de esperança, cheio de vida.

De longe digo-te adeus, vou sem saber,
que os poemas que te escrevi
nunca os poderás ler, só soube agora
que nunca te ensinaram a ler.

Neste dia em que tudo se enquadra
no tempo que está a passar,
acabo esta simples quadra
feita a pensar em ti.

Aguardo

 
Aguardo....

Aguardo que chegues
a tua chegada,
em dia sombrio de lua que não se vislumbra.
...
Espreito a noite escura
e contento-me a ver a lua a romper a escuridão...

Aguardo ansioso o momento em que chegarás
virás cansada, como cansados ficamos todos
com o cansaço de todas as chegadas...

As nuvens são de papel, mas densas
que tu aos poucos rasgarás
Rasgarás as ruas densas onde as nuvens se escondem,
Passarás por pequenas vielas, de gente já alegre
de bêbados que transforma o silêncio em grunhidos.
Passarás ribeiros, mares, e os relevos do horizonte...
- A tua alma jamais morrerá, com
os medos que as sombras espalham!

Mas...
Vou deixar a janela do meu quarto aberta
para me poderes amar,
os ribeiros, o mar e os relevos da noite,
ficam lá longe,
e eu,
fico sempre na duvida,
enquanto faço desenhos do teu rosto
na imensidaõ desta areia molhada...

Noite

 
Noite ….
à noite em vez de dormires,
devias prestar atenção, escutar a chuva
a trovoada que ameaça romper
o ar que respiras, escutar,
...
o sabor da noite....
a trovoada e o ar que a envolve.
Tu devias escutar, descobrir
Para onde estão viradas as tempestades dominantes.

Toda essa tua esperança
Ficará gravada na tua ardósia,
E num rompante que só tu consegues
E num repente a trovoada, ficará inerte aos teus pés.

Que ardam os teus altares de paixão,
E que o sol rompa deliberadamente
Fazendo com que a águia voe,
Tu só conseguirás avançar no baloiçar da corda bamba.